Anatomia:
A retina é uma fina camada de tecido nervoso que forra o olho por dentro. Se você comparar seu olho a uma câmara fotográfica a retina seria o filme e nela se formam as imagens que são enviadas ao cérebro. Na retina a luz é transformada em estímulo elétrico para ser enviada ao cérebro. A mácula é a região central da retina, onde se concentra a visão de detalhes e cores. Muitas coisas podem perturbar essa delicada arquitetura.
Mecanismo e Causas:
Furos e rasgões da retina são o que causam o seu descolamento. Cerca de 8% das pessoas têm pequenos furos ou defeitos na retina, apenas uma em cada quinze mil pessoas vai ter descolamento da retina. Olhos com mais de 4 graus de miopia tendem a ser mais longos, a retina tem de se esticar para forrá-los. Pode tornar-se fina demais na sua periferia e rasgar-se, por isso o descolamento da retina é mais comum em míopes.
Pessoas que já descolaram a retina de um olho têm maiores chances de ter descolamento da retina no seu outro olho. Essas características são passadas geneticamente. Filhos e irmãos de quem teve descolamento da retina devem ser examinados.
Algumas doenças como a diabete e as inflamações oculares, e em especial os traumatismos (boladas, socos, etc..) também são causas de descolamento da retina.
Um processo natural do amadurecimento costuma preceder o descolamento da retina: O descolamento posterior do vítreo. A retina é elevada e descolada pelo líquido que preenche o olho. Nas crianças a parte posterior do olho é preenchida por uma gelatina firme (humor vítreo) que ocupa toda a cavidade ocular. Com o passar dos anos ocorre liquefação dessa gelatina, chamamos esse fenômeno natural de descolamento posterior do vítreo.
Têm mais chance de ter descolamento da retina:
- Míopes com mais de 6 graus
- Parentes próximos de quem teve descolamento da retina
- Quem já teve descolamento em um dos olhos
* Pessoas com maior risco de ter descolamento precisam ser examinadas pelo menos duas vezes por ano
Sintomas:
Os sintomas do descolamento do vítreo são pontos flutuantes no seu campo visual (moscas volantes), esta é uma queixa muito comum e em geral não tem gravidade, mesmo assim a pessoa deve ser cuidadosamente examinada.
A diminuição da visão e manchas que vão crescendo e borrando s imagens, são os sintomas mais comuns do descolamento da retina. Procure auxílio de um oftalmologista imediatamente. Quando feita em menos de uma semana a cirurgia cura mais de 90% dos casos!
Cirurgia:
- Laser:
Nos casos muito iniciais podemos realizar apenas o bloqueio periférico pelo Laser. O Laser funciona como uma solda orgânica. Ele provoca queimaduras na retina e nos tecido adjacentes que quando cicatrizam se aderem uns aos outros.
- Pneumo-retinopexia:
Os descolamentos em fase inicial podem ser tratados injetando-se uma bolha de gás que expulsa o líquido sub-retiniano e reaplica a retina. O tratamento é complementado com aplicações de Laser ou tratamento com o crio cautério.
- Retinopexia (Cirurgia Convencional)
A técnica mais comum de operar o descolamento da retina é chamada de retinopexia com introflexão escleral. Fixamos ao redor do olho, sob os músculos, uma estrutura de apoio (chamada cientificamente de órtese), feita de silicone sólido (se assemelha a um pneu) para calçar a retina e criamos uma forte adesão usando o crio cautério.
- Vitrectomia
As cirurgias de vitrectomia estão reservadas para os casos mais difíceis.
Fazemos três pequenas incisões no olho para trabalhar dentro do olho com micro-instrumentos.
Quando realizamos a vitrectomia podemos precisar da ajuda de um líquido pesado para expulsar o líquido sub-retiniano, o perfluoroctano.
Às vezes é necessário preencher o olho com óleo de silicone ou gazes de longa permanência (SF6 ou C3F8) para manter a retina colada.
O gás intra-ocular - e também o óleo de silicone - tendem a flutuar dentro do olho. Usamos essa característica física dos elementos para empurrar a retina para o seu lugar. Após a cirurgia o médico indicará qual a melhor posição de cabeça para obtermos o maior contato das bolhas de gás, ou óleo, com os defeitos da retina.
Os gazes são absorvidos naturalmente. O óleo de silicone poderá exigir a sua remoção cirúrgica.
Prognóstico
Com as modernas técnicas de cirurgia conseguimos reaplicar a retina em quase 90% dos casos.
Às vezes são necessárias várias cirurgias. Os primeiros 40 dias são cruciais. Siga rigorosamente a orientação do seu médico. O repouso e manutenção das posições de cabeça indicada fazem parte do tratamento. Mesmo com o pronto tratamento e retorno da retina a sua posição, costuma haver perda, ao menos parcial, da visão do olho afetado. O pronto atendimento favorece a melhor recuperação.
Anestesia
Anestesia é local. o paciente é levemente sedado, para que fique tranqüilo e colabore durante o procedimento.
Complicações:
Mesmo com todos os cuidados e preparativos, tanto antes como durante a cirurgia, são possíveis ocorrências inesperadas. Elas podem ser imediatas ou tardias, que serão manipuladas pelo cirurgião e sua equipe com a melhor diligência, mas não podem ser ignoradas, e as citamos a seguir:
• Hematomas – podem ser: retro-ocular (atrás do olho) das pálpebras ou da conjuntiva (mucosa que recobre o olho). Embora não costumem ter gravidade podem comprometer a aparência do olho nos primeiros dias.
• Hemorragia sub-retiniana – Caso ocorram sob a região central da retina (sub-maculares) podem limitar a visão enquanto são absorvidas.
• Deslocamento (luxação) da lente intra-ocular (em pacientes previamente operdados de catarata)– a LIO precisará ser re-posicionada no centro cirúrgico
• Edema da retina (edema macular cistóide) – podem ocorrer no pós operatório imediato ou até 30 dias apos a cirurgia. Será necessários exames para o seu diagnóstico e tratamento com colírios e comprimidos.
• Edema da córnea (ceratopatia bolhosa) – a córnea depende de uma camada de células chamada endotélio para sua transparência. Durante a cirurgia usamos visco-elásticos de alta qualidade para proteção da córnea. Mesmo com os devidos cuidados algumas córneas poderão perder de maneira definitiva a sua transparência, exigindo o uso crônico de colírios e em último caso o transplante de córnea.
• Descolamento da coróide – a coróide é um tecido vascular que dá sustentação a retina, em quadros inflamatórios oculares ele pode encher-se de plasma. O tratamento é com colírios e comprimidos. Poderá exigir drenagem cirúrgica em raras ocasiões.
• Hemorragia supra-coroideana (hemorragia expulsiva) – é muito rara, é mais freqüente em pacientes que associam hipertensão arterial, hipertensão ocular, idade avançadas e alterações do ritmo cardíaco. É ainda mais rara na faco-emulsificação, quando comparada com outras técnicas.
• Infecção (endoftalmite) – é rara, mas temível. Exigirá o uso de antibióticos na forma de colírios e comprimidos. Algumas vezes será necessário uso de medicação injetável. Alguns pacientes exigirão nova cirurgia para remoção do material infectado.
As ocorrências listadas acima, mesmo resolvidas com sucesso, podem causar algum grau de restrição visual e até mesmo a perda da visão.
Tire suas dúvida sobre o procedimento antes da realização da cirurgia. Qualquer dúvida no pós operatório deve ser levada ao seu médico.